14 mai, 2024 - 13:55 • Ana Kotowicz
Morreu o designer português Manuel Alves. O estilista da dupla Alves/Gonçalves sofria de doença oncológica. Morreu esta terça-feira, 14 de maio, no Hospital da Luz, em Lisboa.
Desde 1984 que Manuel Alves, que nasceu em Montalegre, mantinha a parceria criativa com José Manuel Gonçalves, com quem desenhou várias coleções de moda, figurinos de cinema, teatro e bailado. Em 2008, a dupla chegou a criar um selo para os Correios de Portugal.
Os Manéis, como eram conhecidos, também criaram fardas para empresas como a Vodafone ou a TAP e, em 2019, no Festival Eurovisão, o português Conan Osíris usou criações da dupla de estilistas durante as suas atuações.
Nas redes sociais, a antiga diretora de programas da TVI partilhou a notícia da morte de Manuel Alves. "Para trás deixas uma vida cheia, linda, a obra do artista fantástico que foste, com um dos sentidos estéticos mais apurados que conheci. Vais fazer falta Manel. À tua família, aos amigos e a Portugal, que perde um nome grande da Moda. Deixo aqui um enorme beijo de muita força ao Manuel Gonçalves e a ti aquele abraço que não te pude dar."
"Ele deixa ficar um grande legado", disse o designer Miguel Vieira, citado pela Lusa. "É um dos maiores nomes da moda em Portugal e é uma pessoa que se soube reinventar ao longo dos tempos. Era muito "workaholic", uma pessoa um bocado incompreendida, muitas vezes até na maneira de trabalhar, e um bocado incompreendido na estrutura da moda em Portugal, mas uma pessoa que deixou um legado enorme."
O estilista recorda o amigo como uma pessoa com um sentido de humor inacreditável. "Não era diariamente, mas quase todos os dias os dois trocávamos mensagens com piadas, brincadeiras, e vou sentir muito a falta dele. Era uma pessoa que me divertia muito."
Já a estilista Fátima Lopes refere-se a Manuel Alves como um dos maiores nomes da moda nacional e assume-se como uma admiradora do seu trabalho. "Criador de moda no verdadeiro sentido da palavra, com o seu estilo próprio", disse, citada pela Lusa. "Temos algumas histórias engraçadas juntos, mas sobretudo o que fica é o criador, com um estilo muito próprio, com muito bom gosto. Tudo aquilo que ele fazia era com muito bom gosto, com muito requinte, com muita qualidade."
Nas redes sociais, também a organização do Portugal Fashion lamenta a morte de Manuel Alves, alguém que tinha um "espírito criativo, perfeccionista e visionário", e sempre pronto a aceitar os desafios mais arriscados na produção de um desfile.
"A moda portuguesa fica mais pobre. E menos alegre, menos criativa e mais cinzenta. Morreu o Manuel Alves, e com ele uma parte da história da moda nacional, da irreverência, do profissionalismo e da boa disposição que lhe corria nas veias. Ficam as memórias dos desfiles sempre cénicos, do trabalho perfeccionista e intemporal. Ficam as gargalhadas. Adeus, Manel. E obrigado!", lê-se na publicação do Instagram.
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