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Agressão a criança nepalesa

"Há muita manipulação" que pode levar à agressão entre crianças, diz D. José Ornelas

14 mai, 2024 - 18:31 • Henrique Cunha

​O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) critica "os extremismos ideológicos" que, em sua opinião, alimentam reações de ódio e violência.

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"Há muita manipulação" que pode levar à agressão entre crianças, diz D. José Ornelas

A manipulação dos discursos pode estar na origem do caso das agressões de uma criança nepalesa, acredita D. José Ornelas que alerta para o facto de haver "pessoas e organizações que trabalham" esse tipo de manipulação e, que, no final, podem influenciar a forma como as crianças se relacionam. As crianças, diz o bispo de Leiria-Fátima, mesmo sem falarem a mesma língua, são capazes de brincar.

“Há muita manipulação nisto tudo. E há pessoas e organizações que trabalham nisso", diz em entrevista à Renascença e à Agência Ecclesia. "Trabalham nessa diferença para afirmar alguma rejeição. São consequências de extremismos ideológicos. Porque as crianças juntas num infantário, mesmo sem se entenderem, são capazes de brincar", sublinha o Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP).

"O pior é quando estas crianças absorvem uma ideia de autoidentificação ou identidade que é marcada pela minha diferença e pela minha superioridade", sublinha D. José Ornelas. O também bispo de Leiria-Fátima lamenta que se possa educar crianças a temer o desconhecido, referindo que "isso existe e isso é o mais nocivo das coisas”.

“Quando as crianças são educadas a temerem e a demarcarem-se daquilo que é desconhecido, em vez de terem curiosidade de saber e de descobrir a diversidade das coisas que as rodeiam, isso não deveria acontecer”, alerta.

O presidente da CEP assinala o importante papel da igreja ao nível do acolhimento dos migrantes e lembra que não basta "a lei facilitar a entrada das pessoas" no nosso país. “É preciso depois que estas pessoas se sintam integradas", reforça.

O bispo de Leiria-Fátima critica os políticos que "acentuam discrepâncias" e insiste na necessidade de todos trabalharem na integração dos migrantes.

“Todos temos responsabilidade nisso. É evidente que políticos que acentuam discrepâncias dessas não ajudam. É preciso que tenhamos convergências ao nível do país, que precisa dessas pessoas. Sem elas o país não funcionaria. Nós temos de encontrar caminhos corretos, fraternos, mas também sérios para que as pessoas que veem também tenham noção do reconhecimento e da dignidade para viver neste país”, reforça.

D. José Ornelas, presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, é o convidado da Renascença e da Agência Ecclesia desta semana, numa entrevista que será publicada na integra no próximo domingo, véspera do início da visita «ad Limina» dos bispos portugueses a Roma para encontros com organismos da Santa Sé e com o Papa Francisco.

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