Futebol Feminino

Rafa Sudré está farta que se faça muito com pouco: "Nem que tenha de ser eu, uma brasileira, a lutar pelo futebol português"

14 mai, 2024 - 09:55 • Inês Braga Sampaio

A capitã do Torreense fez sensação nas redes sociais com um vídeo em que expunha "algumas verdades dolorosas" sobre o futebol feminino em Portugal. Em conversa com a Renascença, explica a razão para ter decidido falar agora e lamenta que as jogadoras não protestem mais. Esta é a história de uma atleta que até foi parar ao futebol sem querer.

A+ / A-

“Hoje, oficialmente começa a minha luta pelo futebol feminino, fora dos gramados.” Foi assim que Rafaella "Rafa" Sudré anunciou, na rede social X (antigo Twitter), que já não aceitava ficar calada. A ala brasileira, capitã do Torreense, sabe que é boa comunicadora e que tem público e faz questão de empregar essas duas armas em prol da modalidade, a começar por um vídeo publicado no TikTok em que expunha "algumas verdades dolorosas" sobre a realidade das jogadoras em Portugal.

O vídeo teve tração nas redes sociais, em que Rafa Sudré é popular. Quase 28 mil seguidores no TikTok, outros 4,6 mil no Instagram, que agora espera instrumentalizar para a defesa do futebol feminino: "Tudo na vida precisa de alguém a dar a cara, alguém tem de ser a pioneira em alguma coisa. E aqui, em Portugal, nem que tenha de ser eu, uma brasileira, uma estrangeira, a vir lutar pelo futebol português."

E, continuando, apela: "Só que não tenho de ser só eu a lutar pelo futebol. Temos de ser todas nós, principalmente as atletas que estão em destaque aqui dentro, as atletas de peso, atletas da seleção nacional AA que são mundialmente conhecidas, agora que passaram na Copa do Mundo. Agora é que elas têm de usar a voz".

Esta atitude vem de uma jogadora que até foi parar por acidente ao futebol de 11, dado que a grande paixão era o futsal. Contudo, a partir do momento em que se permitiu sonhar com mais e melhor, começou a derrubar as próprias barreiras e a avançar, etapa a etapa, primeiro no Brasil, agora em Portugal, primeiro na 2.ª Divisão, agora na I Liga, primeiro como uma desconhecida, agora como capitã do Torreense.

Foi estafeta, trabalhou numa rulote de cachorros quentes, lutou pelo que agora tem. E espera que as jogadoras de futebol continuem a lutar para que elas próprias e as que aí vêm tenham sempre mais.

Publicaste um vídeo, nas redes sociais, em que abordaste “algumas verdades" sobre o futebol feminino. Houve um gatilho para a publicação?
Isso de "algumas verdades para se dizer e sair correndo" é uma tendência que está dentro da plataforma do TikTok, só que o pessoal estava usando para outras vertentes. E eu falei: “cara, isso encaixa tão bem no futebol feminino”. Era uma hora da manhã, eu acordei na madrugada e fui escrever, porque se eu não escrevesse eu não dormia. Eu precisava fazer esse vídeo e usar essa tendência para trazer um pouco de verdade do futebol feminino, para trazer realmente verdades dolorosas e que as pessoas não aceitam. Porque são verdades recorrentes na nossa vida, no nosso dia.

Esse foi o maior gatilho. É pensar em como provocar um pouco o pessoal a enxergar o futebol feminino de alguma forma que não só o bonitinho. As pessoas têm romantizado muito o futebol feminino depois do Campeonato do Mundo. Ah, porque foram incríveis, porque isso, porque aquilo, porque fizeram muito com pouco. OK, fizemos, obrigada, isso é incrível. Mas chega de fazer muito com pouco. Vamos fazer muito com muito. É muito melhor, não é? Fazer muito com estrutura, com estabilidade, com apoio, com estrutura. Chega um momento em que realmente me dói escutar essa frase romantizada do futebol.

Vamos dissecar esse vídeo. Primeiro, falas das condições que vos são dadas. Há uns dias, houve o caso do balneário do Marítimo, que já sabemos que não é o único balneário do género na primeira divisão do futebol feminino. Como é que se pode fazer com que sejam dadas mais condições?
Eu acho que falta um pouco mais de aplicação de algumas sanções. Tipo: “Olha, as condições mínimas para a gente receber as equipas nos clubes são essas. Vocês estão aptos a tal? Sim ou não? Não? OK. Infelizmente não vão poder participar na competição enquanto isso não for resolvido.” Só que isso não acontece.

O que me entristece é que a maioria dos cargos, gestores e etc, estão preocupados só com “show-off”. OK, o jogo passando no Canal 11, o jogo passando na TVI... Mas e o “backstage”? Como é tratado? É só isso? Põe o figurino, vai para dentro de campo, depois tira o figurino, acabou. São coisas que poderiam melhorar.

Depois, falta realmente as jogadoras denunciarem mais, denunciarem mesmo. Nós temos o Sindicato dos Jogadores e lá você pode denunciar tudo e mais alguma coisa de forma anónima. Por que é que não fazemos isso? Porque nós, enquanto atletas, somos preguiçosas. Eu canso de falar isso para as minhas colegas de equipa. Nós somos preguiçosas. Do que adianta você falar “eu quero melhorias, mas eu não luto, eu não faço nada, eu fico aqui, eu quero melhorias e estou aqui, à espera que venham”. Não, ações. Tem de falar com o representante, ir ao Sindicato de Jogadores fazer uma denúncia, falar com o gestor, falar com alguém, tomar uma atitude. Falta muito isso às atletas, muito mesmo. Com certeza faria com que pequenas mudanças acontecessem, como essa de balneários e condições melhores para trabalhar.

Lá fora, a voz das jogadoras já provocou várias mudanças. Nos Estados Unidos com o “equal pay”, no Canadá com ameaça de greve, e agora em Espanha, com o caso de Jenni Hermoso. Sentes que, com este papel que agora estás a assumir, podes também inspirar jogadoras a encontrar a sua voz e alçá-la?
Sim, acredito que sim. Para tudo na vida é preciso alguém a dar a cara, alguém tem de ser a pioneira em alguma coisa. E aqui em Portugal, nem que tenha de ser eu, uma brasileira, uma estrangeira, a vir lutar pelo futebol português. Porque é um futebol que me agrada, é um país que me agrada muito. Quando eu me aposentar, o meu país vai ser Portugal, não volto para o Brasil para viver. Vou viver aqui.

Só que não tenho de ser só eu a lutar pelo futebol. Temos de ser todas nós. Principalmente as atletas que estão em destaque aqui dentro. Atletas que têm peso. Atletas da seleção nacional AA, que são mundialmente conhecidas, agora que passaram na Copa do Mundo. Agora é que elas têm de usar a voz. Falam que o passo gigante na luta pelo futebol feminino é a gente conseguir chegar a um Mundial. Beleza. E o outro passo gigante é você ser escutada. As pessoas te escutam. Usem essa voz para isso.

Acho que as jogadoras aqui em Portugal são... são jogadoras que pouco se importam com a modalidade, elas só querem mesmo jogar. “Ah, a gente foi proibida há X anos de jogar e agora podemos, então vamos só jogar.” Não, a gente foi proibida e vamos lutar para jogar com qualidade, para jogar de forma consistente, não dá só para colocar o uniforme, ir para dentro de campo, jogar meu futebol e depois sair. Lá dentro também é uma luta. Mostrar um bom futebol é uma luta de todas nós, porque isso depois repercute de forma mundial. Mas o que eu sinto é que a jogadora portuguesa não se importa tanto com isso.

Às vezes eu me estico demais, mas eu gosto de falar, então vou dar outro exemplo. Quando acontecem palestras, do Sindicato, da Federação, você vê na atitude e postura da atleta se ela está interessada no assunto. E isso me incomoda de uma maneira gigantesca, porque elas esquecem que aquilo que é falado ali é para um futuro que elas também vão viver. Então eu estou lá na palestra, estão falando de um assunto super importante, que agora está super em alta, que é o acordo coletivo de trabalho para o futebol feminino. Já vieram falar aos clubes, já vieram passar as informações, só que, enquanto estão explicando o que está acontecendo, as jogadoras estão [faz poses de tédio e desatenção]. Sabe? Isso é uma atitude de quem não quer lutar por nada. É algo que me incomoda muito. É o comportamento da atleta e, depois, é a forma como ela se posiciona dentro da modalidade. Isso para mim, aqui em Portugal, falha imenso. Imenso.

Também dizes, no teu vídeo, que as jogadoras não são todas homossexuais e masculinas. O que é que motiva essa afirmação?
As pessoas, maioritariamente os homens, querem saber qual é a nossa orientação sexual, primeiro de tudo. Eles querem perguntar: “você gosta de mulher?” Ou: “você é o quê?” Entendeu? Não quer saber se eu sou profissional, se sou atleta, se sou ambidestra, se sou rápida, se sou lenta. Não. “Você gosta de mulher?” “Ah, porque vocês se comem todas no balneário.” Já cansei de escutar isso. Já cansei de receber mensagens de “o meu sonho era estar com duas gajas” ou “meu sonho era estar com uma jogadora de futebol". Sabe? Você vê que é mesmo uma sexualização e um estereótipo que criaram da gente.

Há jogadoras que têm um estilo mais masculino, mas isso é a forma dela se vestir e se expressar enquanto pessoa. Isso não quer dizer que ela tem de ser homossexual, bissexual, pansexual, o que seja. Eu sou uma jogadora extremamente feminina. Mas ninguém precisa de saber se eu sou homossexual ou bissexual. Isso não interfere em nada no meu futebol. O que é que passa na cabeça das pessoas para quererem saber se eu sou ou não homossexual? O que é que isso acrescentaria ou tiraria ao meu futebol, à minha qualidade enquanto jogadora? Zero. Como dizem aqui em Portugal: bola. Nada.

O que eu quero que as pessoas percebam é que nós, enquanto jogadoras profissionais, estamos lá para treinar e jogar. Eu não vou para o meu balneário para ficar vendo o rabo de uma, a mama da outra. Eu vou lá, troco a roupa, vou para o meu treino, saio de lá. Chega um momento da época em que a gente não quer nem se ver, para vocês terem noção. A gente fala: “Ai, não aguento mais te ver, pelo amor de Deus”.

Falemos da sexualização, um ponto em que também tocaste. Também sentes que a beleza feminina é um pouco uma faca de dois gumes, ou seja, que não se dá à mulher o espaço de cuidar de si para si?
Olha, vou falar de um assunto polémico agora. No futebol feminino, ao longo dos anos, a gente tem percebido que algumas jogadoras ganham destaque e ganham espaço por serem muito bonitas e não por terem um bom futebol. É outro ponto que me deixa extremamente irritada, porque depois perde a essência do futebol, que é realmente o jogar futebol. Independente de você ser feia, magra, alta, gorda, baixa, cabelo curto, cabelo longo, preta, branca, azul. Mas, hoje em dia, você ser bonita e ter um rosto bonito te gera mais oportunidades do que você ser uma boa jogadora. Isso é nítido, cada vez mais nítido dentro do futebol.

Nós temos a Alisha [Lehmann, internacional suíça do Aston Villa, que é a jogadora de futebol com mais seguidores no Instagram], que é considerada a jogadora mais bonita do futebol, e você vê que, maioritariamente, as pessoas conhecem mais ela pela sua beleza e não pelo seu futebol. Muitas vezes não sabem onde ela joga, qual seleção ela representa, só sabem que ela já fez trabalhos para a Vogue, Prada, etc., ou marcas de biquínis, enfim... Porque ela é bonita e é considerada a jogadora mais bonita do futebol. E com certeza ela tem mais oportunidades do que muitas jogadoras que devem jogar o triplo do que ela joga porque ela é bonita.

Rostos bonitos não são pés habilidosos. Acabou.

Agora, vou citar duas frases que dizes no vídeo. Primeiro, “estamos cansadas de aceitar o mínimo e jogar por migalhas”. Outra: “Sou jogadora profissional da primeira divisão feminina, mas recebo menos que um jogador da terceira divisão masculina”. E noutro vídeo, falas de salários, patrocínios e investimento, com o remate de que também investimos numa empresa antes de saber se vai dar retorno. O que é que pode ser feito para dar salários mais justos às jogadoras?
Vou começar jogando um pouco dessa responsabilidade para os órgãos responsáveis e administradores, criadores das competições femininas de futebol. Por que é que a gente tem de sempre estar implorando para que os nossos jogos passem na televisão? Tem de ter sempre um acordo X, Y, Z para os jogos. Enquanto os jogos da Liga 3 estão sempre disponíveis. Você coloca lá no Canal 11 e vai estar passando o jogo da Liga 3. Repetido. Já foi há cinco meses. E o nosso não. É sempre ou num único horário ou uma repetição no outro dia naquele único horário. Ninguém investe naquilo que não vê.

E aí a mudança começa por conta dos gestores, de criarem um canal específico, nem que seja no YouTube, que transmita todos os jogos, em todos os finais de semana, independente das equipas. Todos, sem exceção. Mas se ninguém souber que vai ser transmitido, quem vai assistir? Ninguém. Divulgação, marketing, coloquem o marketing a trabalhar para nós também. Falta investimento para que a modalidade seja vista e reconhecida, para que haja novos investidores, para que assim a modalidade cresça e, consequentemente, as jogadoras recebam mais, se sintam mais valorizadas, a competição aumente, o mercado também cresça, outros interessados venham. A base é essa.

E aí eu bato na tecla de a pessoa falar: “Cara, eu já vi futebol feminino, tenho potencial para investir na modalidade, porque não o faço?” Porque simplesmente não quer, porque fica com aquele preconceito de “ai, eu não vou investir porque não sei se vai dar frutos”. Alguém um dia resolveu investir no futebol masculino, não é? Algum louco falou: “Olha, vamos investir neste desporto que vai dar lucro”, pensando daqui a cinco anos, cinco mil anos, sei lá.

Vou dar outro exemplo. Portugal foi lá ao Mundial, você vai ler o jornal e está uma filetinha desse tamanho [forma um retângulo pequenino com os dedos]. Você tem de ler de lupa, quase. Mas o Benfica masculino venceu o Arouca e está lá a foto do Di María estampada na primeira página inteira. Cara, como é que você quer falar de igualdade comigo quando isso acontece?

Uma jogadora da seleção norte-americana, Bethany Balcer, revelou há algum tempo que tinha de fazer “babysitting” para conseguir pagar as contas. Também chega a isso em Portugal, as jogadores profissionais terem de ter um trabalho extra para conseguirem pagar tudo ao final do mês?
Sim. Eu fui um exemplo disso. Enquanto estava no Amora, enquanto jogadora profissional de futebol, eu passava o resto do meu dia trabalhando. era estafeta da GLS, CTT, etc, e fazia mais de 100 entregas por dia, e depois tinha de treinar. Porque o valor salarial que eu recebia ali era miserável, não era nem um ordenado mínimo português, para você ter noção. Agora aumentou. Era o antigo e era ainda menos que o antigo, porque houve alguns problemas no clube e o ordenado ainda foi reduzido.

Você pára e pensa: “Cara, como é que eu sobrevivo com 500 euros em Portugal?” Impossível. Então, eu tinha de trabalhar. Depois, trabalhei numa rulote, fazendo “hot dogs”. Às vezes, saía do treino e ia para a rulote até às três da manhã. Coisas que ninguém sabe. Eu não gosto de expor isso, porque prefiro a imagem da Rafa jogadora de futebol do que a imagem Rafa coitada, mas é algo que tem de vir à tona, porque se você é jogadora profissional de futebol e não recebe o ordenado mínimo, como é que vai sobreviver? Como é que vai treinar? Como vai render dentro de campo?

E olha que foi uma das minhas melhores épocas enquanto atleta. Como fiz isso? Eu me pergunto até hoje, eu falo, “eu estava louca, não é possível”.

É recorrente aqui, em Portugal, a gente não consegue um ordenado mínimo enquanto atleta profissional de futebol. Aí você tem a pachorra de virar para mim e me cobrar que “você é atleta profissional”, que “você vive só para isso”? Mas eu recebo quanto? 500 euros? 750 euros? Eu vivo com o quê aqui em Portugal? “Ah, mas o clube dá-te casa e alimentação.” E o meu futuro fica onde? Não consigo investir num estudo. Não consigo guardar um dinheiro porque quase não sobra. Depois, quero ajudar a minha família, porque o sonho da maioria da jogadora que vem para cá jogar futebol é tentar ajudar a sua família, que provavelmente tem menos condição no país onde ela está. Não há dinheiro.

A gente não quer receber igual aos homens. Isso não vai acontecer. A gente só quer receber o mínimo para se estruturar futuramente. Porque um dia essa profissão acaba, infelizmente. E a gente não tem reforma no futebol feminino. Não é uma profissão em que você se aposenta e continua ganhando uma previdência. Aposenta-se e acabou, porque você não está prestando mais serviço. Só quero receber o mínimo para eu conseguir fazer uma vida futura depois do futebol.

Vamos falar de ti, agora. Como é que começaste a jogar futebol?
Eu comecei muito novinha, com sete aninhos de idade. Os meus tios incentivaram-me a jogar futebol porque eles tentaram ser jogadores, mas infelizmente não conseguiram. Viram que eu tinha algum talento para o futebol, tinha ali uma certa habilidade com os pés. E na casa onde eu morava tinha um corredor bem pequenino, onde eu jogava um para um com eles. Depois disso, a minha base foi a rua, foi mesmo jogar à bola com os meninos. Só consegui entrar numa competição onde só tinha meninas com 14 anos de idade. Foi no futsal. É a minha grande paixão, eu amo o futsal.

Eu não queria ser uma jogadora de futebol de 11, mas aconteceu que, infelizmente, o clube onde eu jogava futsal foi desfeito. O projeto acabou, o meu treinador na época não tinha onde dar os treinos e levou-me para um projeto social que havia na zona sul de São Paulo. Eu sou da zona leste. Eu devia ter 15 anos de idade, no máximo. A partir daí, abriram-se muitas portas. Acabei ganhando uma bolsa de estudos na universidade, então fui atleta-bolsista durante quatro anos e isso para mim foi incrível.

Quando acabei a universidade, fui trabalhar e deixei de jogar futebol. Resolvi voltar depois de um ano, quando já estava desenvolvendo quase uma pequena depressão. Pedi ajuda a uma amiga minha que estava num clube, o Juventus da Mooca. Pedi para fazer um teste lá, o treinador deu-me a oportunidade. Foi ali aos 21 anos, quando eu retornei, que desabrochei.

O desabrochar de que falas: foi aí que sentiste “OK, o futebol é mesmo uma carreira que posso seguir”?
Foi aí, sim. Quando você aceita tornar-se uma atleta bolsista, você sabe que a sua prioridade serão os estudos, não né? E isso é ótimo, conseguir conciliar duas paixões, que para mim eram a educação física e o futebol. Só que é difícil uma atleta bolsista tornar-se realmente profissional, porque ela tem algumas obrigações com a universidade, tem obrigações com os estudos, e isso te impede de ser uma atleta 100% profissional. Então, quando eu acabei a universidade, foi quando eu falei: "se eu quiser tentar alguma coisa, vai ter de ser agora, que é quando eu posso realmente viver só disso". Nos três primeiros anos, não consegui ser profissional, tinha mesmo de trabalhar, tinha de estagiar muitas vezes.

Quando eu dei esse salto para o Juventus, foi quando eu pensei: “Pô, agora é a hora, se eu quiser fazer disso profissão, vai ter de ser a partir desse momento”. Foi quando eu comecei a rever as minhas prioridades no meu dia a dia: o meu descanso, a minha alimentação, a minha performance. Por isso considero que foi o meu desabrochar. Foi assim que começou.

Falaste também daquele ano de interregno em que não pudeste jogar e em que foste bastante abaixo mentalmente. Fala-me um pouco disso, como é que também batalhaste essas dificuldades também a nível psicológico? Porque o nosso cérebro é todo um...
…É uma bagunça, né? É verdade. A nossa mente é autodestrutiva. Se deixarmos ela comandar a situação, a gente vai abaixo mesmo, porque a gente tem pensamentos intrusivos o tempo todo.

Quando eu terminei a universidade, fui disputar uma competição no futsal e, infelizmente, tive uma lesão num tornozelo. E nesse momento eu estava tão fatigada física e psicologicamente, por conta dos quatro anos de faculdade me dividindo entre ser a Rafa estudante, a Rafa atleta, a Rafa estagiária, que então eu falei: “Cara, agora que me machuquei, vou dar uma pausa no futebol, eu preciso desse descanso”. E fiquei um ano sem jogar, só focada em ganhar currículo na minha área, na área da educação física. Me priorizar mais, estudar mais, consolidar o meu currículo.

Só que a gente esquece que, quando deixa de lado a nossa paixão, que é o futebol, e começa a priorizar outras coisas, essa paixão vem à tona. Alguma coisa está faltando. E foi quando eu comecei a sentir que já não estava motivada para trabalhar. E claro que as pessoas que me conhecem enquanto atleta perguntavam: “por que você parou? Por que você não volta?” E esse questionamento é tão doloroso, porque você vai responder o quê? E as pessoas questionam novamente: “Mas você é boa, por que você não volta? Você é nova, por que não tenta?” E você fica com esse pensamento o tempo todo de “será que eu escolhi bem? Será que foi a decisão certa? O que eu estou fazendo de errado? Devo voltar?” E começa a entrar num turbilhão de emoções muito grande.

Enão, eu falei: "Pô, eu estou indo abaixo de novo, e acho que o futebol é a melhor saída para mim neste momento. É voltar mesmo, porque sou nova, tenho tempo, tenho oportunidade. Por que não?”

Como é que se processou a tua vinda para Portugal?
Essa história é engraçada. Eu sou uma pessoa de muita fé, apesar de não ter uma religião específica. Acredito num ser maior, que no universo tudo calha como tem de ser.

Quando eu estava no meu segundo ano de Juventus, me deu um simples “start” assim, do nada, e eu falei, “cara, por que é que eu estou me limitando a ficar só aqui? Por que é que eu não quero alçar novos voos?" Aí, comecei a pesquisar o que é preciso para que uma atleta consiga dar um salto na carreira. Vi que era preciso um vídeo, um vídeo minimamente bom, com seus lances, jogos e etc. E um empresário. A gente sabe que no futebol não vale só o boca a boca, tem de ter alguém ali te representando.

Tinha lá um amigo no Juventus que conhecia um empresário e me mandou o número. Eu mandei uma mensagem despretensiosa, expliquei um pouco da minha história, daquilo que eu queria, que eu ambicionava, e ele falou assim para mim, “Rafa, nesse momento eu não tenho espaço na agência, mas daqui um ano pode ser que abra uma vaga e eu tenha interesse em te agenciar, mas só daqui um ano. Antes disso eu não consigo”. Falei, “top, é o tempo que eu preciso”.

Depois, fui atrás dos vídeos. Os vídeos que eu tinha na época eram horríveis, com uma imagem decadente. E eu juntei dinheiro trabalhando aqui e ali, e paguei 200 reais, super caro na época, para um vídeo de cinco minutos. Eu tenho esse vídeo até hoje. Deve estar perdido aqui na minha galeria.

Passado um ano, o empresário me mandou uma mensagem: “Rafa, abri uma vaga, você quer ainda?” Eu falei, na hora, “claro que eu quero, é meu sonho”. Ele começou a trabalhar em cima da minha carreira, em cima daqueles pequenos vídeos que eu tinha, porque o meu currículo, antes do Juventus, é um currículo universitário. No Brasil, o atleta é universitário porque realmente quer estudar. Então, eles vão atrás dos atletas que estão em clubes. Eu fui campeã universitária, artilheira do campeonato, destaque do ano, tanta coisa dentro da universidade, mas isso não conta para nada.

Passado ali um tempo, chegando no final da temporada, eu questionei ele se achava que ia dar alguma coisa, se eu ia ter oportunidade em alguma equipa. Ele falou: “Eu vou tentar, me dá mais uma, duas semanas e eu te dou uma resposta se eu vou conseguir ou não.” Passado uma semana, ele veio com três propostas. Duas propostas do Brasil e uma proposta de Portugal, que era o Paio Pires. Só que o meu sonho era sair do Brasil, era jogar fora. Eu falei: "Cara, nem me fala do Brasil, não quero nem saber. Eu só quero saber de Portugal."

A cena que mais me pega é que eu tinha a certeza de que ia dar certo. Como? Não me pergunte, mas dentro aqui, no meu interior, eu falava, “cara, vai dar certo e eu vou me tornar jogadora profissional de futebol”. Parecia que era uma premiação de todo o sacrifício e coisas de que eu abri mão durante a minha carreira para estar aqui hoje. Era Portugal, não tinha para onde ser.

Começaste pelo Paio Pires, depois foste para o Valadares Gaia, o Amora e, agora, o Torreense. Geograficamente, foste em ioiô. Consideras que têm sido sempre passos em frente?
Sim, com certeza. São clubes que estão constantemente crescendo dentro da liga. Comecei com o Paio Pires, que foi um clube que tentou ascender a segunda divisão, não conseguiu. O Amora ascendeu à segunda divisão nesse mesmo ano, junto com o Torreense, foram as duas equipas que acederam à primeira divisão nesse ano.

Eu fui para o Valadares, que já estava na primeira divisão há muitos anos, então para mim foi um salto enorme sair da segunda para a primeira. A gente conseguiu lá manter a manutenção na Liga BPI. Passado isso, dei o salto e vim para o Amora, que também tinha potencial, sendo um dos destaques da competição. E depois o Torreense, que é uma equipa que, desde que entrou na primeira divisão, nunca mais saiu. Dificilmente está próximo da zona do “play-off”. Não é uma equipa de início de tabela ainda, mas é de meio de tabela e tem potencial. Acredito que, em todos os clubes por onde eu passei, fui pegando a progressão deles. Sempre para mais. Foram sempre crescendo junto comigo.

Garantiram a manutenção antes de tempo e, a nível individual, fizeste seis golos e três assistências. É a melhor época da tua carreira?
Sim, sim. Eu tive uma excelente época no Paio Pires, foram 11 golos e mais de 20 assistências. Foi o meu maior número de golos aqui em Portugal. Mas no Amora também tive uma excelente época lá. Fiz sete golos, seis assistências. Só que agora, parando para pensar no nível da competição, enquanto jogadora, eu considero que esta época é a melhor, porque é a que mais me desafiou. A gente jogou contra equipas muito mais experientes, muito mais consistentes, muito mais desafiadores. Com esses números e perante esses clubes, considero que é a melhor época que eu tive aqui enquanto atleta, com certeza.

Qual foi, de entre as equipas em que jogaste, o futebol de que mais gostaste? Ou, pelo menos, aquele em que sentes que melhor encaixaste?
Nossa, essa pergunta é extremamente difícil. Eu sou uma jogadora que migra muito dentro do campo. Todos os clubes por onde eu passei, passei por mais de uma posição. Já joguei de lateral, já joguei de ala, já joguei de extremo, já joguei de médio-centro, já joguei de avançada. E em todos os clubes por onde eu passei, sempre fui uma jogadora presente nos onzes iniciais. Então, é difícil escolher um clube onde eu encaixei assim perfeitinho. Mas eu acho que o clube onde o meu futebol mais fluiu, apesar de eu ser mais experiente e inteligente agora, foi o Amora. Foi onde o meu futebol mais se encaixou. Era um time que me deixava até bastante livre para fazer aquilo que eu queria. E eu gosto disso.

Qual é a situação de jogo que mais gostas? Por exemplo, ainda no outro dia entrevistei uma defesa-central que me disse que o momento de que mais gosta é quando a avançada escapou e ela é a última e consegue dar o “sprint” e fazer o corte. Qual é a situação de jogo que te dá mais prazer?
Cara, eu por ser uma jogadora velocista, o momento do jogo que mais me dá prazer é quando eu recebo uma bola no espaço, já em progressão, porque eu tenho velocidade e isso fica de forma enfática no jogo, quando essa bola viaja e eu consigo chegar tão rápido quanto ela, acho que é o momento do jogo de que eu mais gosto. Basicamente, ficar isolada com bola é o momento de que eu mais gosto.

Não são todas jogadoras que conseguem fazer essa bola longa, hoje em dia o futebol é muito mais jogado pelo chão, aqueles passes bonitos, entre linhas e tudo mais, mas, para mim, é uma bola longa no espaço onde eu consigo encaixar o meu tempo de corrida com o tempo do percurso da bola. É o momento do jogo que mais me dá prazer, ver a bola viajando e conseguir chegar junto.

Também sou uma jogadora que gosta de dar muito chapéu, cabrito, como vocês falam aqui. Quando eu consigo dar um cabrito limpo também, me dá um prazer... Eu falo "nossa, que coisa boa".

Quais são, para ti, as grandes diferenças e semelhanças entre o futebol em Portugal e no Brasil?
A principal diferença que eu noto é a inteligência tática. O futebol português é muito inteligente taticamente. Aqui, é realmente um futebol como se fosse um xadrez. Tira uma peça, coloca uma peça, muda o jogo, muda o sistema e isso faz com que a dinâmica do jogo se transforme.

No Brasil, o que eu gosto muito e que eu vejo e sinto muita diferença é a intensidade do jogo. Nós, no Brasil, somos mais intensas. É um jogo mais rápido, mais agressivo. Lá não tem tantas paragens por pequenas faltas ou pequenos toques, é um jogo mais jogado, é uma coisa mais de raça, que a gente fala que é a raça brasileira, não é? Acho que essa é a principal diferença. Essas diferenças tornam cada um dos dois futebóis muito únicos, com certeza.

Agora, voltando à parte da saúde mental. Tens um vídeo em que dizes que és uma Rafa diferente de há sete meses. Em que aspetos, e que armas é que ganhaste?
Desde que ingressei no futebol aqui em Portugal, venho trabalhando com profissionais da área da saúde mental. Porque eu sabia que, em algum momento da minha carreira, a distância de casa, a diferença cultural ou até mesmo possíveis acontecimentos viriam a mexer comigo psicologicamente, e eu não queria que isso atrapalhasse o meu percurso dentro de campo. Sempre fui uma atleta que tem em mente aquilo que quer, que quer ir a muito mais. Para isso, eu tenho de estar preparada. Como? Fisicamente? Eu garanto. Gosto de treinar, gosto de ser intensa. Mas e mentalmente? Como posso me preparar? A gente sabe que não tem ferramentas para trabalhar isso sozinha. Então, fui em busca de profissionais que me vêm acompanhando ao longo desses anos. E neste momento quem me acompanha é o Rui.

Este ano, adquiri algumas responsabilidades enquanto capitã. É difícil gerir a Rafa atleta e a Rafa capitã. Você é o exemplo, é o líder, a principal pessoa ali a quem vão exigir mais, mais vista, mais falada. E eu não queria em nenhum momento que isso me prejudicasse dentro de campo e depois eu não conseguisse ser a Rafa que sempre fui desde que cheguei aqui em Portugal. Eu considero que sou uma Rafa diferente porque sou uma Rafa mais madura. Quando você se torna atleta profissional de futebol, você acha que é só isso a tua vida e esquece que tem todo o resto à tua volta. Hoje eu consigo enxergar de forma clara quem é a Rafa pessoa, a Rafa atleta, a Rafa irmã, a Rafa filha, a Rafa namorada.

Nesse trabalho mental que se faz, consideras que são mais importantes as ferramentas para lidar com o sucesso ou com o insucesso?
Olha, é uma pergunta super interessante. Na maioria das vezes a gente está mais suscetível ao insucesso do que ao sucesso. O sucesso é mais fácil de lidar, porque ele é saboroso, ele é gostoso naqueles primeiros momentos, você está feliz, está tendo sucesso, etc. Só que depois, quando isso se torna rotina, isso acaba sendo um fardo. OK, eu sou uma jogadora de sucesso, eu estou tendo sucesso, e as pessoas continuam te cobrando para que você tenha mais. E isso é difícil, é algo difícil de gerir.

Só que o insucesso está mais recorrente na nossa vida de atleta. Ele acontece mais vezes, a gente erra, cobram, a gente falha um gol, cobram, a gente toma um cartão vermelho, pensa, “prejudiquei a equipa”, não sei o quê. Acho que o insucesso tem maior peso. Eu diria ali que está ali 51% mais importante as ferramentas para o insucesso do que para o sucesso, mas são duas fases difíceis de gerir. Eu hoje, por exemplo, sinto mais dificuldade em gerir o sucesso, porque já trabalhei muito no insucesso.

Referiste que a carreira de futebolista é curta. Já tens uma perspetiva daquilo que gostarias de fazer, um dia que deixes a carreira de futebolista?
Olha, eu descobri o que eu quero fazer após o futebol aqui em Portugal, quando ganhei mais voz. Eu sempre fui uma comunicadora, desde criança. Na escola, recebia cartõezinhos da professora falando, “a Rafa é uma excelente aluna, mas ela fala muito, ela conversa o tempo todo”. Depois, tive a educação física, que me abriu muitas portas. Mas chegou um momento em que eu olhei para a educação física e falei, “obrigada, mas não é o que eu quero seguir para o meu pós-carreira”.

Comecei a perceber que a minha voz tem algum peso e que o meu comportamento enquanto atleta também. Tenho muito jeito para a liderança, tenho muito jeito para gestão, para administração. Sou uma pessoa que não suporta puxar o saco, ou me amam ou me odeiam, não tem meio termo mesmo. Acho que falta isso no futebol feminino, alguém que dá a cara sem medo das represálias. Sabe o famoso “atura ou surta” no Brasil? É isso.

Então, para o meu pós-carreira, eu quero estar num cargo de gestão, num cargo de poder ao ponto de lutar pelo futebol feminino e dar voz a outras meninas que não têm a coragem que eu tenho. Seja uma team manager, para começar, depois uma presidente, uma gestora, uma coordenadora, algo desse género. Eu quero estar mesmo num posto onde possa falar sobre futebol feminino e trazer melhores qualidades para a modalidade, por meio da minha voz.


Qual foi a situação mais dura por que passaste no futebol?
Eu passei por uma situação bem constrangedora, que foi quando eu sofri xenofobia num clube, mas só me dei conta depois de um tempo. Foi quando eu estava no Valadares. Eu não gosto muito de dar nome aos bois, porque depois o pessoal fala, “ah, você é ingrata”. Eu adorei estar no Valadares, foi um clube com que eu me identifiquei imenso, e eu gosto do Norte, então para mim foi um combo de coisas boas.

Tínhamos outras brasileiras e tínhamos também outras duas sul-americanas, uma venezuelana e uma uruguaia. E você via que o tratamento do fisioterapeuta para connosco, atletas estrangeiras, era muito negligente. Eu descobri que tinha uma condropatia num joelho, que me impediu de jogar três jogos da liga. E, num momento, eu fui questionada pelos diretores e presidente do clube, como se eu estivesse fingindo ou forjando essa lesão, algo que nunca aconteceu. O meu histórico físico é zero, nunca tive nada que me impedisse de jogar. E quando eu fui recorrer a esse fisioterapeuta, ele simplesmente negou. Negou que eu tinha avisado, negou que eu tinha questionado sobre as dores e etc. Quando eu ia fazer o tratamento, aquilo era de qualquer forma, era um tratamento rápido ou pouco. E quando eram as jogadoras portuguesas - ele era português -, o tratamento era diferente, o procedimento era muito mais completo.

Esse foi o momento mais difícil da minha carreira. Tive de tirar 50% do meu ordenado todos os meses para fazer fisioterapia fora do clube, para conseguir voltar a jogar. Foi onde eu senti que era tratada de forma diferente. Mas não deixei isso me abalar em nenhum momento. Mas depois de um ano, eu fui refleti e falei, “cara, aquilo era muito xenofobia”. Nem pensei, nem passou pela minha cabeça, na altura. Eu poderia ter denunciado, mas não me dei conta. Passou um ano para eu realmente enxergar isso como um ato xenofóbico. Isso doeu bastante.

A pergunta oposta: qual foi o melhor ou mais feliz momento da tua carreira até agora?
Uma das coisas que me encanta aqui em Portugal é o carinho dos adeptos quando eles realmente gostam de uma jogadora. Nos últimos três anos, eu adquiri tantos fãs, fãs de verdade, que você vê que fazem questão de estar ali, que fazem questão de ir aos jogos, que fazem questão de te presentear, que fazem questão de te mandar uma mensagem de apoio, de carinho.

Eu não estava acostumada, nunca tinha vivenciado nada do tipo. Mas, principalmente aqui no Torreense, isso acontece muito. Acho que é a época que eu mais me sinto acarinhada pelos adeptos. Eles estão sempre me mandando mensagens, sempre juntos. A parte mais linda do futebol é o carinho deles. Acho que faz com que tudo faça sentido. Todas as dores, lutas, cansaço, fadiga mental… Quando você recebe um abraço ali no pós-jogo ou vê alguém falando, “olha, eu estou aqui na bancada torcendo por você”, acho que isso não tem preço. É a coisa mais linda que Portugal me deu.

Para uma última pergunta: o que é que ainda gostarias de alcançar?
Olha, aqui em Portugal eu já realizei um sonho, que foi jogar num dos maiores estádios, em Alvalade. Toda a jogadora tem o sonho de jogar num grande estádio, que os principais equipas do futebol masculino também pisaram. Isso é incrível, eu tive essa oportunidade.

Mas enquanto atleta, acho que o meu maior sonho é poder disputar uma competição de peso mundial, como uma Liga dos Campeões, que é vista mundialmente. Nem que seja a fase de grupos, não importa. Eu só quero ouvir o hino da Champions dentro de campo e falar “eu consegui”. É isso o meu maior sonho hoje em dia.

E o futsal?
E o futsal no pós-carreira, com certeza, porque eu só posso jogar futsal, sei lá, com uns 45 anos [risos].

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+